A Escola de Samba Acadêmicos do Sossego divulgou na
quarta-feira, dia 29 de junho, a logomarca do enredo e aproveitou para fazer a
entrega, a seus compositores, da sinopse de 2012, cujo título é “O Soberano
Guarani e a Encantadora Floresta da Magia”, de Fabianno Santana, designer de
Carnaval.
Confira a sinopse:
Tupã, o soberano
guarani e a encantadora floresta da magia.
Tupã e a criação da floresta
Tudo começou num tempo muito antigo quando contavam os mais
antigos pajés de recônditas tribos indígenas da floresta amazônica que em uma
era muito remota, no princípio de tudo, na mais profunda escuridão, ao longe do
horizonte, no firmamento onde retumbavam trovões e raios que recortaram o céu
nasceu a vida. E lá, por dentro das nuvens, existia um imenso palácio onde
morava o grande Tupã, realizador de toda criação, que com o ressoar de
trovoadas deu vida a tudo que habitava nas florestas da Terra. Cada folha, cada
flor, as água, cada animal e seus espíritos por Ele foi criado. Fez germinar as
belas carnaubeiras, chamadas de árvores da vida e soprou fôlego divino em cada
ser vivente que rastejava pelo solo, que corria pelo chão, que nadava nas
águas, que subia nas árvores e voava pelo ar.
Os mais belos animais, de plumas exuberantes, anfíbios de
múltiplas cores e insetos de indescritível beleza se originaram do grande Tupã
que inundou os afluentes, as florestas, as montanhas, os vales e tudo mais que
se podia enxergar com lendárias criaturas que protegiam o mundo recém criado.
Povoou as matas e iluminou o vasto céu de estrelas nas alturas celestes, onde
permanece seu reino, protegido por Tainacam, deusa das constelações. Naquela
época seres fabulosos coexistiam com os Índios e os elementos naturais se
traduziam em mágicas manifestações espirituais que tornavam as florestas em
encantadoras e repletas de magia.
Para concluir sua obra Tupã veio ao mundo e fez o primeiro
homem que se chamava Rupave e deu-lhe como companheira a primeira mulher que se
chamava Syvape e logo eles se multiplicaram e encheram toda a Terra. O poderoso
deus ensinou-lhes a arte de tirar do seio do solo seu alimento, a trabalhar com
barro e argila e do ferro, fazerem as mais fortes lanças e armas de guerra.
Depois transmitiu aos homens todo o conhecimento sobre os remédios para todas as
doenças. Finalmente, ensinou-lhes as artes que tornaram a vida mais suave a
amena no culto à Mãe Natureza… A vida estava criada.
Seres encantados
De seu palácio no alto dos céus sentado em seu trono, Tupã
criou milhares de criaturas celestiais que satisfaziam suas ordens e o
louvavam. E entre as histórias de deuses e deusas e seres encantados, surgem às
escondidas, nas matas, misteriosos entes para proteger e guardar a floresta que
se encobria em encantos e magia.
No começo havia a penumbra, Tupã então criou o sol,
kwara'sy. Um dia o sol ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos
tudo ficou escuro e para iluminar a escuridão enquanto ele dormia, Tupã então
criou a lua, îasy e os dois se apaixonaram mas, quando o sol abria os olhos
para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia, e jamais podiam se
encontrar. Tupã criou também muitas estrelas, para que fizessem companhia a lua
enquanto o sol dormia. Assim nasceu a fábula do céu e todas as coisas que vivem
lá. Sendo a natureza iluminada pela luz do sol durante o dia e encantada pela
magia da lua à noite.
Os rios, lagos e mares passaram a ser vigiados com
misteriosas divindades… Nasceu então o Caboclo D’água que junto de sete
espíritos protegia os peixes dos pescadores maldosos. E protegendo os belos
rios que cortavam as florestas, nasceu a mais bela deusa das águas. Y-îara,
senhora dos peixes, que com magia banhava-se nos rios, cantando uma melodia
irresistível onde homens que a viam não conseguiam resistir a seus fascínios e
enfeitiçados pulavam nas águas e ela então os levava para o fundo e quase nunca
voltavam vivos… E para esconder tais lendas dos rios, surgiu Nampé a
Vitória-Régia que era a rainha dos lagos que desabrochava em uma grande flor
que flutuava em águas calmas, e que ao luar soltava um inebriante perfume
mantendo os rios velados em seus fascínios noturnos…
Tupã criou então a terra fértil e que produzia árvores
frutíferas que os homens precisariam… Naqueles tempos os mistérios e magias já
estavam alastrados pela floresta, mas o mato precisava de um místico rei e
então Tupã deu vida ao Uirapuru cujo canto seria tão belo que faria esquecer-se
a própria tristeza e o sofrimento. A mata inteira emudeceria ao teu cantar cuja
melodia subiria aos céus numa sentida harmonia em forma de graciosa canção que
alegrava o Deus Tupã. Os seres mágicos povoavam as florestas.
Anhangá e a mata sombria
Alegres viviam os homens, felizes cresciam as crianças, mas
o mal também residia na floresta que tinha lugares sombrios, escuros e
tenebrosos. Tupã formou um lugar de delícias para os bons, mas existia um lugar
infernal governado pelo tenebroso Anhangá.
Então começaram os homens a serem dominados por grande
ambição e a ameaçadora deusa Sumá (inimiga dos homens), envolvida em negra
manta, feita de cipó chumbo, vagou pela terra, espalhando ódio e discórdia.
Deste modo os maus sentimentos ganharam o mundo e os mortais tiveram o
conhecimento do mal, da injustiça e amaram mais a maldade do que as belas
virtudes.
Eis que um dia, Anhangá, cheio de inveja, enviou Uacauã, um
demônio de agouro e azar, que cantava feitiço que se transformou numa ave negra
e soprou no ouvido dos homens a crueldade e ainda que os outros deuses
protetores vagassem em torno deles para ajudá-los, nada conseguiram, os homens
estavam corrompidos pela ganância e deixariam de proteger a mata.
Neste lugar vagavam os espectros sem vida e os espíritos
negros. Para lá iam almas inglórias ou fugidas das tribos, os maus caçadores e
aqueles que destruíam a floresta. Tupã, após uma batalha, lançou para este
lugar sombrio, seu temível e poderoso inimigo Anhangá, Deus dos Infernos,
chamando estes lugares de regiões infernais, a floresta sombria. Juntamente com
este impiedoso Deus, a este mundo subterrâneo também forma dirigidos o Jurupari
que ficou conhecido como mensageiro deste deus cruel; Xandoré, o deus do ódio;
as Tiriricas, deusas da raiva e o Pirarucú, deus das águas escuras e perigosas
dos rios. Grande quantidade de espíritos do mal formou o reino do pavor, do
ódio, da dor e da vingança. O homem estava amaldiçoado.
Mas do céu Tupã guardava os homens de bem e a maldade
somente reinava naqueles que não respeitavam e zelavam da vida criada por Ele.
E assim seguiu o destino dos homens que optam pelo bem ou pelo mal na
preservação ou destruição da encantadora floresta da magia.
Designer de Carnaval Fabianno Santana
Nenhum comentário:
Postar um comentário